O NOSSO TEMPO

tenho aprendido com o tempo,
que a felicidade vibra,
na frequência das coisas mais simples...
como a doçura contente de um cafuné sem pressa...
como os instantes que repousamos os olhos em olhos amados...
como aquele poema que parece
que fomos nós que escrevemos...
como o toque da areia molhada sob os pés descalços...
como o sono relaxado e tranquilo
que põe todos os sentidos pra dormir...
como a presença da intimidade legítima e verdadeira...
como o banho bom que devolve forças ao corpo...
como o cheiro de quem se ama...
como essas coisas...
como outras coisas...

simples assim...

como o nosso amor...

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Somos queijo Gorgonzola...


Estamos envelhecendo,
estamos envelhecendo,
estamos envelhecendo,
só ouço isto.
No táxi,
no trânsito,
no banco,
só me chamam de senhora.
E as amigas falam
“estamos envelhecendo”,
como quem diz
“estamos apodrecendo”.
Não estou achando envelhecer esse horror todo.
Até agora.
Mas a pressão é grande.
Então, outro dia,
divertidamente,
fiz uma analogia.
O queijo Gorgonzola é um queijo
que a maioria das pessoas que eu conheço gosta.
Gosta na salada,
no pão,
com vinho tinto,
vinho branco,
é um queijo delicioso,
de sabor e aroma peculiares,
uma invenção italiana,
tem status de iguaria
com seu sabor sofisticadíssimo,
incomparável,
vende aos quilos nos supermercados do Leblon,
é caro e é podre.
É um queijo contaminado por fungos,
só fica bom depois que mofa.
É um queijo podre de chique.
Para ficar gostoso tem que estar
no ponto certo da deterioração da matéria.
O que me possibilita afirmar que não é pelo fato
de estar envelhecendo
ou apodrecendo
ou mofando
que devo ser desvalorizada.
Saibam:
 vou envelhecer até o ponto certo,
como o Gorgonzola.
Se Deus quiser,
morrerei no ponto G da deterioração da matéria.
Estou me tornando uma iguaria.
Com vinho tinto sou deliciosa.
Aos 50 sou uma mulher
para paladares sofisticados.
Não sou mais um queijo Minas Frescal,
não sou mais uma Ricota,
não sou um queijo amarelo qualquer
para um lanche sem compromisso.
Não sou para qualquer um,
nem para qualquer um dou bola,
agora tenho status,
sou um queijo Gorgonzola.

Maitê Proença
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10 comentários:

  1. Saber carregar os anos que temos sem sentir o peso deles... Lindo! beijos,chica

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  2. Rô querida, eu adoro esse poema, maravilhoso, bem colocado aqui, como sempre vc tem uma palavra de ânimo e amor para enfeitar os nossos dias, bjos flor, um dia bem lindo prá ti.

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  3. oi Rô

    o tempo passa para todos, porém devemos extrair da vida as grandes lições que levaremos.

    bjokinhas =)

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  4. Lindo poema, querida flor!!
    Vamos melhorando com o passar dotempo, adquirindo experiência e sabedoria!!
    De volta por aqui, muitas saudades!!

    Beijos!!♥

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  5. Bem humorada crítica às pessoas que têm tanto medo de envelhecer. Gostei, Rô! :) Boa semana.

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  6. Olá RÔ,

    Espetacular.
    Gostei demais deste paralelo que a Maitê fez.
    E num é que é? rsrsrsrs.

    Beijo e lindo dia.

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  7. O texto dá pano pra manga. Gosto de comparar a¨ velhice ¨ com um bom vinho tinto. rs.
    Um beijo grande

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  8. Boa tarde,
    envelhecer trás vantagens, cada ano que passa por nós dá-nos mais sabedoria, mais calma na resolução dos problemas, tornamos-mos mais dialogantes, ganhamos valores importantes que podemos transmitir, etc. etc.
    A mais idade dá uma única desvantagem que é a seguinte, " não se consegue correr os 100m tão rápido como um jovem de 20 anos"

    Abraço

    ag

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  9. Oi Rô,
    Eu adorei este texto da Maitê.
    Aproveite a semana!
    Bjs

    GOSTO DISTO!

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  10. Hahahahahaha adorei isso!

    Mas não, me recuso a ser um queijo Gorgonzola, amargo e podre... Horrivel!

    Quero ser um quejinho de minas, fresco, leve e desejado por todos uahuahuahauhauahua

    Beijooooos!

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já estava com saudades...
é muito bom ver você aqui...
que o seu dia seja somente amor...