O NOSSO TEMPO
tenho aprendido com o tempo,
que a felicidade vibra,
na frequência das coisas mais simples...
como a doçura contente de um cafuné sem pressa...
como os instantes que repousamos os olhos em olhos amados...
como aquele poema que parece
como a doçura contente de um cafuné sem pressa...
como os instantes que repousamos os olhos em olhos amados...
como aquele poema que parece
que fomos nós que escrevemos...
como o toque da areia molhada sob os pés descalços...
como o sono relaxado e tranquilo
como o toque da areia molhada sob os pés descalços...
como o sono relaxado e tranquilo
que põe todos os sentidos pra dormir...
como a presença da intimidade legítima e verdadeira...
como o banho bom que devolve forças ao corpo...
como o cheiro de quem se ama...
como o banho bom que devolve forças ao corpo...
como o cheiro de quem se ama...
como essas coisas...
como outras coisas...
simples assim...
como o nosso amor...
Rô
como outras coisas...
simples assim...
como o nosso amor...
Rô
quarta-feira, 11 de março de 2015
Ah, o tempo...
A falta de tempo que nos consome na atualidade
é absurda.
Ele, o tempo, em vez de auxiliar,
virou um vilão, verdadeiro opressor.
Tempo é tudo o que se vive,
o que está em cada um, e,
incongruente mente, tudo o que nunca se tem.
Não há tempo mais para nada.
E bem hoje, quando é tudo mais acessível?!
Já não se gere mais esse tempo como outrora.
Tudo é “pra ontem”.
Como assim, pra ontem?
Eu estou vivendo hoje, oras.
Ontem ficou no passado.
A ocasião própria pra qualquer ação minha
é agora e não ontem.
Confuso isso.
Ontem... Ontem...
Ontem não tinha nem internet,
não tinha celular,
não se via tanta gente motorizada,
e, pelo que eu me lembre,
nem GPS existia.
Espere aí!
Hoje tem tudo isso e não está bom?
Os tempos mudaram tanto assim
ou o ser humano que interpreta o tempo
foi quem mudou?
É, sou mais a segunda opção.
Na época de meus avós, de meus pais,
eles mandavam cartas.
Era prática comum.
Eu ainda experimentei essa gostosa sensação
de escrever,
ir ao correio, postar e depois receber a resposta.
Tive dois amigos com quem pude
compartilhar desse romantismo.
Rascunhar, passar a limpo,
escolher o papel, comprar o selo...
Um tempo preciosíssimo.
Hoje, entretanto, só consegui
manter a tradição de enviar cartão de natal,
ainda assim, os e-mails,
os torpedos continuam ano após ano
tentando mostrar sua eficiente praticidade.
Todavia, não abro mão de desenhar minhas letras
carregadas de bons sentimentos.
Em outros tempos, também,
quando morria um parente,
o familiar ficava sabendo do passamento
depois de uma ou duas semanas,
e olhe lá.
Era uma dificuldade até localizá-lo.
Hoje, se o mesmo familiar estiver fora do país,
em poucas horas
ele chega pelo menos para o sepultamento.
Meios de contato são muitos,
no entanto, o sinal do celular é péssimo
– a torre é nova -,
a internet é lenta –
demora um minuto pra abrir -,
e ir ao correio pra enviar um telegrama f
ica fora de cogitação.
Não há tempo.
As pessoas sofrem.
E sofrem muito mais.
Uma fase além da pós-modernidade nos acometeu.
Já é possível até mesmo acender uma vela virtual
em gratidão a uma graça alcançada.
Quem não tem tempo para o laborioso ofício
de acender aquela vela de parafina,
é só dar um clique na capela virtual
e escolher a vela virtual de preferência.
O fiel não precisa perder tempo
para esperar a antiga vela queimar,
não carece que fique velando sua chama
para evitar o contato com a cortina
e o risco de botar fogo na casa.
O fósforo foi substituído pela password.
Muito simples, não é?!
Parece piada, no entanto, vale a fé.
Ah, e os amores?
Amores duram uma estação.
Casamentos duradouros são caretas
e sexo é competição de quem pode mais.
Aquele refinamento poético de romances românticos
se perdeu por aí, no tempo.
Sabe...
Percebo que jeitos de sentir o mundo se modernizaram.
Acompanharam e continuam na corrida frenética
para alcançar evoluções,
contudo, mesmo assim,
se assistem a adultos e crianças deprimidos,
incapazes de esperar pelo tempo das coisas;
imediatistas.
Paciência deixou de ser virtude para ser defeito.
O homem tem tudo nas mãos,
tudo para facilitar sua vida.
O tempo?
Cada vez mais escasso.
Economia de tempo?
Tem gerado apenas vida cada vez mais saturada,
superficial e vazia.
Existe uma tendência de ansiedade nas pessoas,
um medo louco de perderem tempo
e não darem conta de fazer
o que acham que são obrigadas a fazer,
do jeito que uma cultura imbecil
impôs que fosse feito.
A pressa neste contexto é vital.
Aonde se quer chegar só Deus sabe.
É, a mudança parece antropológica mesmo.
Aquele que ainda aprecia algo bonito do passado
ou continua se encantando com o romantismo
de gestos simples,
é o deslocado.
Assim se sente.
O tempo presente
acaba sempre comprometido
e prejudicado porque não é vivido.
A sensação de perda e de vazio é estável.
Vive-se muito o tempo que talvez nem alcancemos.
E a consciência que nos falta
é a de que somos mais felizes
quando perdemos a noção desse tempo,
seja qual for a ocasião.
Lucimara Souza
by
Rô
achei perfeita essa crônica
resolvi postar
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Perfeita e linda crônica Rô e que saudade das cartinhas enviadas e do tempo de espera pela respostas em outra cartinha. Muito bom.
ResponderExcluirUm abraço
oi Rô
ResponderExcluirAcho que hj o tempo passa mais rápido, mas o fato é que temos que viver um dia por vez.
A falta de tempo é justificativa para desculpas...
Temos que saber usar melhor o nosso tempo e com coisas produtivas.
bjokas =)
É mais um dia ou menos um dia?
ResponderExcluirUm beijo!
No passado não havia tanta tecnologia para se usar e por isso sobrava mais tempo. Hoje é preciso, apenas um pouco mais de organização para que o tempo seja suficiente.
ResponderExcluir.Um abraço
Oi, Rô! Lembro como fiquei chocada quando vi a primeira vela virtual. Meu queixo caiu. Depois me acostumei. E isso é o pior. Beijos!
ResponderExcluirOi Rô
ResponderExcluirOs tempos mudaram, e hoje a falta de tempo tem servido de desculpa para muitas das nossas negligências.
Bjux
Ahhh eu não reclamo não! Ainda não...
ResponderExcluirbeijogrande